19 de jul. de 2012

Bem-vinda ao 46


Uma geração de mulheres decide combater a ditadura da magreza com muito estilo

Preta Gil estrela campanha de linha plus size para C&A (Foto: Luciana Prezia/Divulgação)
90, 60, 90. Por muito tempo, essas foram as medidas que o universo da moda ditou como ideais para o corpo feminino. Na vida real, porém, atire a primeira pedra a mulher que nunca quis perder aqueles 2 quilinhos extras. Ter os seios, a cintura e o quadril com a centimetragem ditada pelas passarelas também pode ser considerado uma tarefa quase impossível e um sonho inatingível. Com um olho na fita métrica e outro na balança, uma geração de mulheres cresceu desejando poder vestir um jeans 38 ou, melhor ainda, aquele vestido 36.

Distante deste pensamento limitado, para não dizer tacanho, imposto pela indústria da moda, nomes de peso (literalmente!), decidiram com quantos metros de tecido uma gordinha se veste bem. Capitaneada pela cantora Beth Ditto - 1,57m, 95 quilos, estrela do desfile de Verão 2011 de Jean Paul Gaultier e de um polêmico editorial de fotos de nu para a revista Love e dona de uma coleção plus size para a marca britânica Evans (Ufa!)-, mulheres do showbizz levaram para as páginas das revistas seus shapes curvilíneos.

Exemplo: além de vocalista da banda The Gossip, Beth assinou coleções plus size para a Evans (Foto: Reprodução) 


Intitulado Belle Vere, ou Belas Reais, o editorial da revista Vogue Italia colocou, definitivamente, as moças de medidas nada econômicas no topo da cadeia fashion. Em imagens P&B, Tara Lynn, Candice Huffine and Robyn Lawley posam só de lingerie. “Um número cada vez maior de leitores quer ver o mundo real, habitado por pessoas reais, retratado na revista. São pessoas normais, não obcecadas em serem magras, que aceitam e respeitam seus corpos como eles são”, definiu Franca Sozzani, editora da revista, apoiadora de campanhas contra a anorexia, polêmica e poderosa como só uma editora da Vogue pode ser.

Com o ensaio Belle Vere, a Vogue Italia quebrou paradigmas no mundo da moda (Foto: Reprodução)


E se revolucionária é alguém cuja carteira de trabalho diz "Diretora da revista Vogue", quem somos nós para duvidar? As cadeias de fast fashion certamente não ousam duvidar das poderosas papisas da moda e, ainda mais, de milhões de mulheres que querem que as tendências da temporada evoluam para além do tamanho M. Prova disso está em solo tupiniquim.  

Sugestões Renner 
Na gigante do varejo Renner, três de suas 19 linhas vão até o tamanho 54. Já na rede holandesa C&A, desembarca em 60 lojas nesta quinta-feira (dia 19) a linha Special For You. Com 35 peças que vão do 46 ao 56, a coleção traz como musa a cantora Preta Gil, curvilínea assumida e fã de roupas que não façam menos do que realçar seu corpo. Estão lá caftãs, batas e leggings com animal prints, vestidos com estampas tropicais e, porque não, saias brancas, longas ou curtas, "ao gosto da freguesa".


Sugestões C&A

Sob a batuta da democratização, não importa se a "freguesa" é dona dos 90, 60, 90 ou de alguns (bons) centímetros a mais, se é famosa o suficiente para ter o rosto impresso em uma revista cuja tiragem alcança a casa dos milhões de exemplares ou se é alguém que circula por um shopping qualquer em busca daquele vestido que dá um up instantâneo na auto-estima. No mundo real - perdoem-nos os adeptos do clichê "plus size" -, seja no tamanho 36 ou no 56, o que desejam as mulheres é simples: estar bonita. E Franca, novamente ela, não nos deixa mentir:  “As mulheres curvilíneas estão de volta com todo o seu esplendor. Um corpo de linhas arredondadas e exuberantes é muito mais sexy”.

Making of da campanha de roupas plus size C&A estrelada por Preta Gil (Foto: Luciana Prezia/Divulgação)



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