20 de set. de 2012

2013 é ano de punk, bebê!

Megaexposição anual do Metropolitan Museum de Nova York homenageia o movimento

Por Priscilla Sobral e João Fantini

Vivienne Westwood em foto da década de 70: estilista foi uma das precursoras na adaptação do estilo punk a moda e ganha uma ala para chamar de sua na mostra "Punk: Chaos to Couture" (Reprodução)
Ansiedade. O dicionário Michaelis define como "Aflição, angústia, ânsia". Na prática, porém, essas nove letras podem ganhar os mais diversos contornos, de unhas roídas até mesmo noites mal dormidas. Por que estamos falando sobre isso? Simples. Este blog, sem nenhuma cerimônia, confessa ser um ansioso com direito a carteirinha de sócio-torcedor e tudo. Se é impossível negar a natureza, há motivos que exaltam nossos sintomas e frustram nossas tentativas de "take it easy". O mais recente deles atende pelo nome "Punk: Chaos to Couture".
Capa do disco "Road to Ruin", lançado pela banda punk Ramones em 1978, auge do  movimento nos Estados Unidos e na Inglaterra (Reprodução)


Sim sim, trata-se da nova megaexposição anual capitaneada pelo time do The Costume Institute do The Metropolitan Museum (MET) de Nova York. Apenas para refrescar a memória fashionista, foi no museu símbolo da Big Apple que se formaram enormes filas para mostras em homenagem a Alexander McQueen e, mais recentemente, às estilistas italianas Miuccia Prada e Elsa Schiaparelli. Pois não era para menos: vista por esses dois blogueiros que vos escrevem, a exposição Impossible Conversations é daquelas que guardamos com carinho na memória. 

Sem deixar de lado a tradição, a “Punk: Chaos to Couture” abre as portas oficialmente no dia 9 de maio. O rebuliço em torno do evento, contudo, está marcado para três dias antes. No dia 6 de maio, o MET estende o tapete vermelho para receber seu baile beneficente anual, que tem como anfitriã ninguém menos que Anna Wintour, editora-chefe da Vogue US e, sem exageros, a mulher mais importante do cenário fashion dos tempos atuais. Na lista de convidados - disputada a socos, até porque tapas são para principiantes - nomes como o da atriz Rooney Mara, da it-girl Lauren Santo Domingo e do diretor criativo da Givenchy, Riccardo Tisci, são "very important person". Percebeu que, em comum, todos tem um muito de ousadia correndo no sangue? It´s punk, baby!
Riccardo Tisci, da Givenchy, e a atriz Rooney Mara: eles estarão entre os vips convidados para o Baile de Gala que abre a mostra "Punk: Chaos to Couture" no dia 6 de maio de 2013 (Reprodução)

Rebelde como só ele, sofisticado pelo tempo e adaptado ao século 21, o punk do MET ocupa as galerias Cantor, no segundo andar do museu. Por lá, 100 looks, entre masculinos e femininos, pretendem mostrar aos visitantes como a estética punk influenciou da alta-costura ao prêt-à-pôrter, desde seu surgimento, na Inglaterra da década de 70, até os dias de hoje. "Desde as suas origens, o punk teve uma influência incendiária na moda", disse Andrew Bolton, curador do Costume Institute

Para nenhum moicano se perder pelo caminho, a exposição divide-se em seis espaços temáticos. Primeiro deles, "Rebel Heroes" traça um panorama da cena musical do eixo NY-Londres da década de 70. Quem guia a visita são as bandas cujos hits ecoavam por muitos inferninhos e clubs descolados da época: The Ramones, The Sex Pistols e The Clash. Na galeria seguinte, batizada de "The Coutorier Situationists", o trabalho de dois estilistas embalados em berço punk ganha destaque: então marido e mulher, Malcom McLaren e Vivienne Westwood apresentam sua icônica loja Let It Rock, futuramente renomeada SEX e Seditionaries. "Embora a democracia punk esteja em oposição à autocracia da moda, os designers continuam a adaptar a estética punk a um vocabulário apropriado para capturar a sua rebeldia juvenil e contundência agressiva.", completa.

Com hits como "God Save The Queen" e "Anarchy in the UK", o Sex Pistols personificou o comportamento desesperançado de toda a geração punk (Reprodução)

Da convivência, ora harmônica, ora complicada, entre o "faça você mesmo" e o "feito sob medida", nascem os quatro espaços seguintes: em “Pavilions of Anarchy and Elegance”, o foco está na alta-costura e na customização, enquanto que em “Punk Couture” o foco está nos acessórios do universo punk, como tachas, pregos, correntes, zíperes, cadeados, alfinetes e lâminas (ufa!). 

Já em “D.I.Y Style”, Bolton e o fotógrafo Nick Knight, consultor criativo da mostra, apresentam um panorama do punk na construção e reciclagem de materiais. Por fim, “La Mode Destroy” explora os elementos característicos do punk - com suas roupas rasgadas, maquiagem borrada e cabelos desgrenhados - como reflexo da desesperança que reinava entre os jovens há 40 anos e explorados em criações de designers de estilos tão opostos quanto Nicolas Ghesquière, Karl Lagerfeld, Haider Ackermann, Helmut Lang, Gianni Versace e Alexander Wang.

O punk ganhou releitura em editorial batizado de "Punk´d" e estrelado por Arizona Muse na Vogue americana de março de 2011 (Reprodução)
Por eles ou por ser “punkeiro” nato ou fashionista criado, motivos para marcar a “Punk: Chaos to Couture” na sua agenda 2013 não faltam. Não que seja necessário motivo algum para visitar a Big Apple ou o MET. Ambos já são incríveis por si só e esse blog, novamente, é suspeito para declarar qualquer coisa sobre Manhattan. Com uma exposição sobre o punk? Melhor pararmos por aqui. Fiquemos com a ansiedade e meses para explorar o punk no iPod.

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